Pacientes diabéticos têm risco 15 vezes maior de amputação dos membros inferiores do que pessoas sem a doença. E metade dos casos é de amputações não traumáticas, ou seja, decorrentes de uma pequena lesão. Uma micose, um calo, uma rachadura, um sapato apertado pode gerar uma pequena ulceração que, agravada pela diabetes, acaba crescendo, infeccionando e culminando em uma amputação que poderia ser evitada.
Foi o que explicou o cirurgião vascular Eliud Garcia Duarte Júnior, na reunião ordinária da Comissão de Saúde, realizada nesta terça-feira (29). O médico coordena o Programa de Proteção ao Pé Diabético (Pró-Pé), que funciona na rede municipal de saúde de Vila Velha. De acordo com o profissional, “tudo começa com uma calosidade, uma ulceração simples. São lesões banais que acabam evoluindo para mutilação”, explicou.
Por isso, é tão importante o acompanhamento da doença e uma detecção precoce das feridas nos pés que podem ocasionar uma amputação. Até porque, segundo o especialista, 50% dos pacientes com isquemia crítica dos pés e pernas acabarão sendo submetidos a uma amputação maior. “A mortalidade em cinco anos em pacientes com isquemia crítica dos membros inferiores é de 70%, e desses, 35% serão por causa cardiovascular”, disse.
Doença metabólica
A diabetes, segundo o médico, é uma grave doença metabólica e sistêmica. Além do risco alto de amputação, ela é a principal causa de infarto em pacientes jovens, a principal causa de cegueira juntamente com o glaucoma e uma das principais causas de insuficiência renal junto com a hipertensão arterial. O Brasil é o 5º país do mundo em número de pacientes diabéticos.
O objetivo do médico é levar o programa de cuidados com o pé diabético para a rede estadual de saúde. Assim, seria possível melhorar a qualidade e a expectativa de vida de muitos pacientes, com a diminuição das hospitalizações e das amputações.
O Pró-Pé funciona desde 2013 e alia atendimento presencial com telemedicina. É um programa de referência no Brasil e tem caráter multidisciplinar, contando com endocrinologista, cirurgião-geral, cirurgião vascular, nutricionista, nefrologista, oftalmologista, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentre outros profissionais.
Os deputados Doutor Hércules (MDB) e Dr. Emílio Mameri (PSDB), presidente e vice-presidente do colegiado, decidiram acionar a Secretaria de Estado da Saúde para conhecer melhor o programa e, se possível, transformá-lo em política estadual. Com Ales.